domingo, 17 de julho de 2011

Sons

o som de mãe
o som pai
o som filha
o som do espírito-canto

de um negro spiritual, o som

um som descobridor
uma nova sombra

o som de uma palavra nova
o som de uma palavra boa

o-s-s-s-s-o-o-o-o-m-d-e-u-m-a-p-a-l-a-v-r-a-n-o-v-a...

o som de um piano
o som de aplausos
um forte piano som

o som das folhas de um livro
nas pontas dos dedos
perseguindo um olhar leitor

o som da sua voz
o som da sua voz
o som da sua voz

o som da nua voz

Para Ciça e Antonia,
para 18/07/11.


Avesso

Não tenho medo por covardia.
A minha covardia me faz medo.

Não choro por tristeza.
As lágrimas regam o meu sofrer.

Meu brado,
meu berro,
meu grito,

afogam os pulmões com ar-
-rarefeito.

Desenfeito o mundo,
enegreço os dias,
com meus olhos cor-de-ficção.

Vejo vampiros.

O meu sangue irriga o mundo.
O mundo duvida do meu sangue.

Peço desculpas aos meus carrascos.
Rendo culto ao que me causa asco.

Ergo muros,
cavo fossos,
travo trancas,

Minha fraqueza fortalece os frutos
amargos
das minhas imaginações.

Não há meias-palavras
ou suaves saídas

A minha poesia se ergue em lodo.