quarta-feira, 24 de março de 2010

Obras de Arte: The Incredible Jazz Guitar of Wes Montgomery

1. Airegin
2. D-Natural Blues
3. Polka Dots and Moonbeams
4. Four on Six
5. West Coast Blues
6. In Your Own Sweet Way
7. Mr. Walker
8. Gone With the Wind

Obras de Arte: Ashes Are Burning

1. Can You Understand?
2. Let It Grow
3. On The Frontier
4. Carpet Of The Sun
5. At The Harbour
6. Ashes Are Burning

Obras de Arte: Elis & Tom

1. Águas de março
2. Pois é
3. Só tinha de ser com você
4. Modinha
5. Triste
6. Corcovado
7. O que tinha de ser
8. Retrato em branco e preto
9. Brigas nunca mais
10. Por toda a minha vida
11. Fotografia
12. Soneto de separação
13. Chovendo na roseira
14. Inútil paisagem

domingo, 21 de março de 2010

Obras de Arte: Libertango

1. Libertango
2. Meditango
3. Undertango
4. Adios nonino
5. Violentango
6. Novitango
7. Amelitango
8. Tristango

Obras de Arte: Marquis de Sade

1. Old Laces
2. Wig
3. Blues for Johann Sebastian
4. Renaissance
5. Beneath a Weeping Willow Shade
6. Versailles Promenade
7. Troubadour
8. Marquis de Sade
9. Aria
10. Bossa Antique

Caetano Veloso


Existirmos: a que será que se destina?

A dor define nossa vida toda.

Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada.

De perto, ninguém é normal.

Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...

É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho

Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior
...
Se você tem uma idéia incrível
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão.
...
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria: tenho mátria
E quero frátria.

Será que nunca faremos
Senão confirmar
A incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos
...
Ou então cada paisano
E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais
...
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais...

Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou o que é muito pior por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um

quinta-feira, 18 de março de 2010

Hamlet - William Shakespeare

ATO III – CENA I (Solilóquio de Hamlet)
To be, or not to be: that is the question:
Whether 'tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles,
And by opposing end them? To die: to sleep;
No more; and by a sleep to say we end
The heart-ache and the thousand natural shocks
That flesh is heir to, 'tis a consummation
Devoutly to be wish'd. To die, to sleep;
To sleep: perchance to dream: ay, there's the rub;
For in that sleep of death what dreams may come
When we have shuffled off this mortal coil,
Must give us pause: there's the respect
That makes calamity of so long life;
For who would bear the whips and scorns of time,
The oppressor's wrong, the proud man's contumely,
The pangs of despised love, the law's delay,
The insolence of office and the spurns
That patient merit of the unworthy takes,
When he himself might his quietus make
With a bare bodkin? who would fardels bear,
To grunt and sweat under a weary life,
But that the dread of something after death,
The undiscover'd country from whose bourn
No traveller returns, puzzles the will
And makes us rather bear those ills we have
Than fly to others that we know not of?
Thus conscience does make cowards of us all;
And thus the native hue of resolution
Is sicklied o'er with the pale cast of thought,
And enterprises of great pith and moment
With this regard their currents turn awry,
And lose the name of action.
Tradução de Millôr Fernandes:
Ser ou não ser - eis a questão. Será mais nobre sofrer na alma Pedradas e flechadas do destino feroz Ou pegar em armas contra o mar de angústias – E combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer; dormir; Só isso. E com o sono – dizem – extinguir Dores do coração e as mil mazelas naturais A que a carne é sujeita; eis uma consumação Ardentemente desejável. Morrer – dormir – Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo! Os sonhos que hão de vir no sono da morte Quando tivermos escapado ao tumulto vital Nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão Que dá à desventura uma vida tão longa. Pois quem suportaria o açoite e os insultos do mundo, A afronta do opressor, o desdém do orgulhoso, As pontadas do amor humilhado, as delongas da lei, A prepotência do mando, e o achincalhe Que o mérito paciente recebe dos inúteis, Podendo, ele próprio, encontrar seu repouso Com um simples punhal? Quem agüentaria os fardos, Gemendo e suando numa vida servil, Senão, porque o terror de alguma coisa após a morte – O país não descoberto, de cujos confins Jamais voltou nenhum viajante – nos confunde a vontade, Nos faz preferir e suportar os males que já temos, A fugirmos pra outros que desconhecemos?
E assim a reflexão faz todos nós covardes.
E assim o matiz natural da decisão
Se transforma no doentio pálido do pensamento.
e empreitadas de vigor e coragem,
refletidas demais, saem de seu caminho,
Perdem o nome de ação.

Saramago

E como as esperanças têm esse fado que cumprir, nascer umas das outras, por isso é que, apesar de tantas decepções, ainda não se acabaram no mundo...
José Saramago - As Intermitências da Morte

Encarregado


Encarregado carrego o peso inteiro do mundo
Pressionado escorrego nos ermos do fundo
Aprofundado me assusto em menos de um segundo
Atolado me enterro, me engasgo em mim, eu imundo

Fazendo manha me perco, amanhã eu me acho
No outro dia não acho e faço bico, me agacho
Mamãe me dá o teu colo, me colo no seu regaço
Papai me dá o teu braço, me abraço em qualquer pedaço

Desconsolado me entrego a quem primeiro me ache
Achando a solução, soluço e peço baixinho
Me salva da confusão, me ama, entenda e me encaixe
Me encaixo todo em você, me fundo no seu caminho

E na fusão me confundo, eu já não sou mais ninguém
Você me olha do alto, então eu viro neném
E seu desejo fraqueja e fraco viro refém
Você não mais me deseja, queria um homem e não tem

Espero a sua volta, não volta e some na vida
Endividado me culpo, aperto a minha ferida
Desesperado me apego e já não sei mais a quê
Me pego triste, chorando, e eu nem sei o porquê

E aferindo um gesto, qualquer palavra, perdidos
Procuro explicações, invento estórias, eu crio
Criando vou me perdendo, meus traços são esquecidos
Perdido enfim eu percebo, vivi você, eu vazio

Esvaziado deliro, faço você ideal
Idealizando te caço, procuro a cada esquina
E assim dobrando, eu tonto, percebo em cada menina
Qualquer mulher um pecado, algum defeito fatal

Desfeito então o novelo, me encarrego agora por mim
Revejo em outros espelhos, com outros olhos, com zelo
Preencho, arrumo o espaço, construo um novo modelo
Modelo bem com cuidado um novo homem enfim
    

Retroalimentação 2

Retroalimentação

Da auto-deglutição, escapulir
Almejada meta
Infinda

Desmanchar, esmagar, destruir
O que resta
Do ainda
Da autocomiseração

Em meu aterro solitário, onde não se avista
Deito o podre, o que não presta
O sujo e o feio

E minh’alma, mesquinha, egoísta
Exímia no tapear, mestra
Constrói o meu anseio

Despeja uma camada de prata
Outra de ouro, disfarça
Retrai

Com luxo tudo arrebata
Aos ratos e urubus atrai
O falso e a farsa

Mas ainda não satisfeita
Molha com perfume
Encharca, enxágua, esfrega

E então

Da borda frágil escorrega
O fétido, o curtume
A desgraça espreita

Desvão

O leito instável
Abarrotado, nato
Dança em dança tresloucada

A viga mal-acabada
A intriga, o mato
Esgarçam o indecifrável

Encharcados, regurgitam
Revolvidos, recomeçam

A retroalimentação
   

Retroalimentação

Pensamentos, após consumidos,
urge serem digeridos
Mas não

Sentimentos, ainda se recicláveis,
melhor ficam imprestáveis
Mas nem

Retroalimentação.

Para Marcia

Recria tua vida sempre, sempre.
Remove pedras e plantas roseiras e faz doces recomeça.
Cora Coralina

Cansaço

Me cansa o ar, o lar, falar Me cansa o ir, o vir, o ouvir
Me cansa o sax ,o sex,o jazz Me cansa o fax,duplex,relax
VT, TV, CD, LP Me cansa o ser, o ler, o ter
Me cansa o take, o make-up, o yuppie, o fake
Me cansa o in, o out, o ying, o yiang
Tarô, sushi, sashimi, o I-ching, o gnomo, o signo, o ovni
Me cansa o óbvio.

Me causa nojo a falta de arrojo, me causa nojo a falta de nojo
Me causa dor tanta dor, me causa horror tanto horror,
me causa assombro a falta de assombro

Me cansa a falsa amizade, a falsa loucura, a pseudo-malandragem
Me cansa a gang, o sangue, o mangue, o bang-bang
Esta falta de ética, esta falta de escrúpulos, o excesso de músculos

Me causa tédio a mídia,o vídeo, o assédio
Tanta necessidade de ter necessidades
De ser chique, charmoso, elegante e torneado,
de ser culto,ser cult, moderno e viajado

De ter fama, mania e vícios, perversões,
de falar afetado bem alto em palavrões
De ter mais, muito mais que demais,
ser capaz de querer sem saber o porque nem pra quê...

Pra que tanto se não temos sonhos? Pra que tanto se não temos paixão?
Pra que tanto se não temos ilusão? Pra que tanto se não temos amor?
Pra que tanto se não temos tesão? Pra que tanto se não temos valor?
Pra que tanto se não temos tempo? Pra que tanto se não temos razão?
Desde o início a paixão. Em todo meio a paixão. No fim de tudo a paixão.

Antes do ar, do lar, do ser, do ler , do ter, do ying,
do yiang, do thank you, do fuck you all,
do sax , do fax, do sex, relax for man. A paixão!