sábado, 26 de março de 2011

Para Sempre Nunca Mais

Nunca mais.
Tempo extremo, infame.

Para sempre.
Tempo infindo, insano.
Fim algum.

- // -

Em incerta hora,
inexato instante,
entre o nunca e o sempre,
de doentias entranhas,
escapuliram, sorrateiros,

O Para sempre,
O Nunca mais.

Inventaram-se as dores do mundo.
Pariu-se a morte da paz.

- // -

Com a espada, a lâmina,
do aço mais nobre e confiável,
de ponta crua, fria, friel,

Divida-se, rasgo-corte,
em golpe exato,
a garganta, o peito, o ventre,

E à biceps, à forceps,
em inverso parto (ré-vida),
Reentranhe-se,

Nas profundezas invisíveis,
da indizível criatura,
as suas desumanas criações.

- // -

E que nunca mais se aprenda,
E que para sempre se esqueça,

como foram criados, de que forma se cria,

o Nunca mais.
o Para sempre.

Para todo o sempre.
  

quarta-feira, 16 de março de 2011

Obras de Arte: Pérola Negra

1. Estácio, Eu e Você
2. Vale Quanto Pesa
3. Estácio, Holly Estácio
4. Pra Aquietar
5. Abundamentemente Morte
6. Pérola Negra
7. Magrelinha
8. Farrapo Humano
9. Objeto H
10. Forró De Janeiro

quarta-feira, 9 de março de 2011

O Outro

O outro é pouco,
O outro é o mundo.

O não mundo eu sou?
o não meu é o do mundo?

-/-

Em outros espelhos me lustro,
em outros saberes me ilustro,
em outros quereres me farto,

E um pouco adiante,
um tiquinho de após,
antes da próxima curva,

Me encurvo,
míope, extraviado, inculto,
Farto.

No outro,
o confuso,
o difuso,
o fusco-fuso,
o anti-horário das horas.

Com o outro os tempos variam.

Ao outro as minhas reservas,
todas, completas,
Aposto.

As mais altas apostas,
as fichas todas,
a carta mais valiosa,
a cadência sinfônica,
a derradeira nota,
o tostão que me resta.

Ao outro,
meus melhores trajes,
os altivos gestos,
os vocábulos raros.

Em mim,
os andrajos,
o sem-prumo,
a almasmática.

-/-

Ao cabo,
quando as horas se bastam,
findo é o outro.

Eu
resto
alquebrado,

nem nada,
nem mundo.