segunda-feira, 20 de junho de 2011

Luto

Eu luto.
Mas o luto em tudo me mata.

Eu como, eu trago.
Mas como se traz à vida, o que da vida,
em vida já fez-se o estrago?

Eu revivo.
Ensaio um passo, um salto,
me animo.

Eu revivo.
O passado me assalta,
me mina.

Menino, me nino.

Eu vingo.
Mas o tempo me pesa. Eu vergo.

Revido.
Mas o tempo se vinga. Eu vergo.

Eu verso. Eu rimo.

No verso de cada palavra,
uma busca.

No arrimo das raras certezas,
vãos consolos.

Eu tento. Tomo tento, concentro,
me traio.

Distraio, o sonho me tenta. Menino,
me nino.

Me esforço. Me forço. Reforço. Retorço.

Esmoreço.

Eu luto.
Mas em luto,
desisto, me perco.

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