sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Nomes 2

O que sai de mim é meu, por enquanto.
Por encanto, minhas palavras já não são minhas.

Sou invisível sob o sol?
Ei, estou aqui, não está me vendo!?
Reescrevo: não está me lendo?

O indizível... é o que?

Indirigível, indigerível,
impróprio para consumo.
Pronto!, descubro: impróprio para consumo, estou.

Com o sumo da vida flerto. Apenas flerto.
Tanto me atrai.
Sem motivo?, afasto.
Desmotivado, me enfastio.

Tanto me distrai.

O cio do mundo me assusta.
O poder dos homens me assusta.
A beleza das meninas me assusta.

Insulto, xingo,
os assuntos me fogem.
Os nomes me esquecem.

Qual é a cor do seu perfume,
qual é o gosto da sua voz,
qual é o cheiro do seu toque?

Urjo: um pouco (muito estaria melhor)
do outro.
Ausentar-me, mergulhar-me em seus lados,
encharcar-me em seus líquidos,
Desejar-lhe minha falta.

A falta, a ignorância,
Os pedaços,
Com quantos fonemas rearrumo meus silêncios?

Um colo, um sorriso,
um olhar (“sim, eu te entendo”),
algo assim, banal,
banal, banal...
palavra fáceis
vida vilã...

carnal, carnal
sentidos alertas
conjecturas mortas

me dá um pedaço da sua alegria?
me dá um naco da sua voz farta?
me dá... qualquer coisa

uma coisa bem coisa
sem causa
uma coisa de efeito

me dá algo do seu outro mundo?

uma coisa bem coisa
sem nome
banal
desavergonhada

O que sai de mim é seu, por enquanto.


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