Ode
ao Homem Tecnológico
(Sexo,
Sangue e Sofás)
- Como
é glorioso o homem tecnológico!
Em
poucos séculos, venceremos a morte
E
todos viverão, felizes?, para sempre
E
a poesia, e as artes, e as religiões,
Ainda
servirão?
O
temor pelo fim, terminará.
A
angústia pela finalidade,
Esta não há de esmorecer.
Esta não há de esmorecer.
Sim,
as artes ainda servirão.
O
fervor religioso, amém, por certo que não.
A
Poesia?
Existirá,
apenas. Não é de seu feitio servir.
- Como é glorioso e inventivo o homem tecnológico!
Da criatividade,
Para o cruel, o sádico,
O sarcástico, o esmagamento,
O sarcástico, o esmagamento,
Nunca nos livraremos.
Inventaremos, sempre,
Novas formas de sofrimento.
Novas formas de sofrimento.
O
Circo Romano foi a criação mais genuinamente humana.
Comparável, apenas a bomba atômica.
- Como é glorioso...
Confortavelmente recostado em meu sofá,
- Como é glorioso...
Confortavelmente recostado em meu sofá,
Assisto às desgraças cotidianas.
Medianas, Grandiosas, Espetaculares,
Inesquecíveis.
Até que o tédio nos separe.
Não te aborreças, porém, se
Por algum acaso,
Perderes o teu noticiário favorito.
O
sangue, de uma forma ou de outra,
Respingará em tua face.
Respingará em tua face.
Em
alta definição, em 3D,
Em pixeis megalomaníacos,
Em câmaras lentas,
Em pixeis megalomaníacos,
Em câmaras lentas,
Em
dolby estéreo, em 5.1 canais, em 51 canis,
em
51.000 bacanais.
Em
uma catarseofoniquisteria.
- Como
é glorioso e inventivo e incansável e imponente o homem
tecnológico!
Amigos
íntimos de algum desconhecido
Infeliz, em seu país distante,
Esqueceremos
do bom-dia do dia-a-dia,
Ao
nosso vizinho, o recusaremos.
E
vamos nos perdendo,
Em frente às telas maravilhosas,
Hipertelas,
Hipnóticas.
(Como
é só o homem tecnológico...)
E
o Sexo, disponível
Em
quantidades intangíveis, intangível.
Sem
odor, sem calor, sem suor, sem rubor.
O sexo cru, cruento, cruel
Preciso, profissional,
Industrial.
O sexo em 666.999 polegadas.
Preciso, profissional,
Industrial.
O sexo em 666.999 polegadas.
Imenso, descomunal,
Grandioso,
Monstruoso.
Indecentemente maior
Do
que o meu simples e ridículo sexo de homem.
E
todos viraremos bestas lascivas]
- Como
é glorioso e inventivo e incansável e imponente e potente o homem
tecnológico!
A
impotência nos assombra...
Mas espere!
O gatinho que mora comigo,
O gatinho que mora comigo,
Por minha filha escolhido,
Acaba
de derrubar o mouse no chão,
Pedindo
um pouco de carinho...
Pedro
ResponderExcluirGosto de muitos versos do poema. Mas, o que mais faz efeito para mim é o aparecimento dos números, que agora você explora e desmonta como antes fazia com as palavras.
Maria Clara
AHhahaahha o pobre gatinho nos trazendo de volta à realidade!
ResponderExcluirBelo texto Pedro.
Abraço.
Querido Marola, não quero carregar essa culpa pelas minhas taras tecnológicas, posso dar a desculpa que isso faz parte do meu trabalho, mas para provar que não estou tão isolada assim, faço o convite que venha nos visitar com seu mágico violão e tocar sob o luar da nossa nova residência, vai ter direito a churrasquinho e caipirinha de frutas.
ResponderExcluirGostei muito do poema, mande mais, acho que já estou ficando viciada nessa coisa de ler poesias em Blogs modernos, graças a TECNOLOGIA desenvolvida por homens tecnológicos :-)
Bjs
Ane Hinds