sábado, 25 de dezembro de 2010

Super-moleque

O Super-moleque voou,
passou no Rio, em Recife e depois Salvador
O Super-moleque chorou,
pelas crianças miseráveis sob o Redentor
Olhando se espantou,
vendo meninos tão novos, senhores do terror
Sorrindo, ouviu, vibrou
com o batuque alegre dos meninos do Pelô

O Super-moleque pousou,
disposto a entender aquela confusão
Nas ruas ele caminhou,
por entre trancas, alarmes, grades, portões
O Super-moleque encarou:
olhos fechados, trancados, selados de pavor
O Super-moleque sentiu,
sentiu a dor de ser do medo ele o causador

O Super-moleque entendeu,
passou o dia levemente a se divertir
E simples moleque dançou,
dançou o samba, a capoeira e o maracatu
O Super-moleque cantou,
cantou de um modo que ninguém sabe ensinar
Sozinho cantou e dançou,
até a hora em que o sol foi descansar

O Super-moleque dormiu,
com seus irmãos sobre o chão e sob o papelão
Devagar acordou,
olhou em volta com seus olhos de causar horror
O Super-moleque quebrou:
grades, ferros, trancas, derrubou portões
O Super-moleque roubou,
todas as armas e o temor de todos corações

O Super-moleque partiu,
subiu ao céu calado, sério, sem olhar pra trás
O Super-moleque sumiu,
tomou um rumo que ninguém sabe dizer
O Super-moleque deixou,
em todo canto um sentimento grande de paixão


O Super-moleque vai voltar

Quando do bem que ele deixou
ninguém mais se lembrar
    

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