sábado, 5 de fevereiro de 2011

Afeto

Uma carícia,
mãos plumas,
suavizando a superfície da pele

Os lábios,
um beijo cheiro e toque,

Os lábios,
mudos, dizem,
fica bem, estou aqui

Os braços,
protegem e aparam,
suportam, desdobram-se
os braços abraçam, abraçam

Os abraços

Ouvidos
ouvir, ouvir, ouvir, ouvir, ouvir, ouvir.
Nunca olvidem,
vez ou outra, quiçá, duvidem,
Nunca olvidem:

Entre sons e silêncios, no inspirar,
nas pausas...
com o devido alumbramento,
adivinha-se a fala das falas

Palavras à vontade,
a vontade nas palavras.

Os ombros,
a aparar as tuas mágoas, sempre,
repetem,
fica bem, estou aqui

A ponta mais paciente dos dedos,
enxuga, leve delicada,
uma a uma, cada uma das tuas lágrimas

A voz busca, inventa, compõe, puxa os fios
dos sons que te confortam

O tempo,
todos os instantes necessários,
às necessidades dos teus vazios

Uma flor dada, inesperada,
um poema dedicado, encomendado por ninguém,

Um gesto, um sorriso,
um copo d'água fresca
o corpo d'alma aberta

Os olhos a mirar, a admirar,
a tua beleza, a tua face, o teu olhar,

Os olhos, sábios, imitam,
os ombros e os lábios,
e repetem,

Fica bem, estou aqui.
Sempre estarei, afeito
A todos os teus afetos.

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