quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Mimado

Não aceito contratempo algum
menino mimado

Neste campo minado
explodido em meu peito
ausculto estilhaços
de minhas paixões

Nesta bacia náufraga
aventada em meu ventre
afogam-se águas revoltas
revolve-se o vício da falta

fatiado
enfastiado
assaltam-me temores

terrores noturnos e diurnos

o vigia da noite
dorme de dia
e também à noite

o porteiro do dia
trancou a porta da casa
e jogou a chave na noite

o fora da gente é a superfície de um mundo
maior que o mundo do lado de fora da gente

do lado da gente, ninguém

Não aceito espera alguma
garoto afoito

afloram
defloram
floram aflitos
mudos gritos de êxtase
em meu aparelho fonotriturador

do lado de dentro
olho quietinho, alerta
pro mundo além dos dentes

Não aceito pouco algum
homem voraz
queria te morder agora

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