Não aceito contratempo algum
menino mimado
Neste campo minado
explodido em meu peito
ausculto estilhaços
de minhas paixões
Nesta bacia náufraga
aventada em meu ventre
afogam-se águas revoltas
revolve-se o vício da falta
fatiado
enfastiado
assaltam-me temores
terrores noturnos e diurnos
o vigia da noite
dorme de dia
e também à noite
o porteiro do dia
trancou a porta da casa
e jogou a chave na noite
o fora da gente é a superfície de um mundo
maior que o mundo do lado de fora da gente
do lado da gente, ninguém
Não aceito espera alguma
garoto afoito
afloram
defloram
floram aflitos
mudos gritos de êxtase
em meu aparelho fonotriturador
do lado de dentro
olho quietinho, alerta
pro mundo além dos dentes
Não aceito pouco algum
homem voraz
queria te morder agora
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