domingo, 24 de junho de 2012

Elos

Pesado elo
ai de quem cair no canal do mangue
ai de quem!

a alma à lama

tons de cinza
nenhum repouso
para os olhos

chuvas de chumbo

Virações
a moça derrete
em poça

a poça resseca
em roça

a roça verdeja
em moça

Ritos
ai de quem cair na poça
e não pensar na moça
e não roçar os dedos
nos cabelos da chuva
nas sedas

ai daquele que não votar carícias
às rédeas dos cavalos
aos freios-de-mão

os desejos têm seus ritos
estritos passos

Ciclos
no sangue preto
do canal do mangue
esbarravam-se às cegas

as moscas de chumbo
dos desejos

2 comentários:

  1. Pedro
    Condensação e enigma, são as marcas deste teu poema. Em tua produção lírica você pratica a condensação, mas me parece que este é o primeiro poema em que você deixa o leitor sem saber, com lacunas - isto é, deixa seu leitor com o enigma do momento, do tempo do poeta. Eu gostei muito mesmo.
    Maria Clara

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