Pesado elo
ai de quem cair no canal do mangue
ai de quem!
a alma à lama
tons de cinza
nenhum repouso
para os olhos
chuvas de chumbo
Virações
a moça derrete
em poça
a poça resseca
em roça
a roça verdeja
em moça
Ritos
ai de quem cair na poça
e não pensar na moça
e não roçar os dedos
nos cabelos da chuva
nas sedas
ai daquele que não votar carícias
às rédeas dos cavalos
aos freios-de-mão
os desejos têm seus ritos
estritos passos
Ciclos
no sangue preto
do canal do mangue
esbarravam-se às cegas
as moscas de chumbo
dos desejos
Gostei...
ResponderExcluirPedro
ResponderExcluirCondensação e enigma, são as marcas deste teu poema. Em tua produção lírica você pratica a condensação, mas me parece que este é o primeiro poema em que você deixa o leitor sem saber, com lacunas - isto é, deixa seu leitor com o enigma do momento, do tempo do poeta. Eu gostei muito mesmo.
Maria Clara