domingo, 21 de março de 2010

Caetano Veloso


Existirmos: a que será que se destina?

A dor define nossa vida toda.

Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada.

De perto, ninguém é normal.

Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...

É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho

Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior
...
Se você tem uma idéia incrível
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão.
...
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria: tenho mátria
E quero frátria.

Será que nunca faremos
Senão confirmar
A incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos
...
Ou então cada paisano
E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais
...
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais...

Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou o que é muito pior por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um

Um comentário:

  1. por que não se fazem mais letristas como antigamente?... e é uma pena que o Caetano, enquanto personalidade (ou "celebridade"), tenha virado um chato de marca maior...

    ResponderExcluir