Até
quando agüentaríamos tal intimidade – suportava ainda a mim, que
te adivinhava cada suspiro?
Suportava
eu ainda a ti?, tornava-se mais, a cada dia, névoa da manhã fria,
reflexo meu embaçado.
Confundiam-se
nossas imagens.
Era
a hora: a ausência, o afrouxar de mãos, o esquecimento - em algum
breve instante no futuro - dos nossos gostos e dos nossos cheiros.
Me
deste muito, em especial tua juventude; eu, para ti, arranquei de mim
o que de melhor havia. Confesso, dei-me também em contraponto. A
contragosto, meus piores matizes.
Perdoa-me,
sou destas criaturas de sangue, que um dia morrem, e que por
vezes fazem filhos. Pudera conter em mim, mesmo que em pequeníssima
parte, divina porção. Limitado sou, porém, por destino trágico,
às formas dos seres de carne. Sou filho dos filhos de outros filhos.
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