quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A Poesia 2

Podemos supor que boa parte do trabalho intermediário executado durante a formação de um sonho, que procurar reduzir os pensamentos oníricos dispersos à expressão mais sucinta e unificiada possível, se processa segundo a orientação de encontrar transformações verbais apropriadas para os pensamentos individuais. Qualquer pensamento, cuja forma de expressão parece estar orientada para outros motivos, atuará de maneira determinante e seletiva sobre as possíveis formas de expressão atribuídas aos outros pensamentos, e poderá agir assim, talvez, desde o próprio começo - como é o caso no compor um poema. Se um poema tiver que ser escrito em rimas, o segundo verso de uma copla é limitado por duas condições: deve expressar um significado apropriado, e a expressão desse significado deve rimar com o primeiro verso. Sem dúvida, o melhor poema será aquele em que deixarmos de notar a intenção de encontrar uma rima, e no qual os dois pensamentos tenham, por influência mútua, escolhido desde o início uma expresssão verbal que permita surgir uma rima com apenas um ligeiro ajuste subsequente.


(Interpretação dos sonhos, Vol. V, p. 362, 1900)
Sigmund Freud


Presenteado por Maria Clara Queiroz Corrêa, minha mãe

Nenhum comentário:

Postar um comentário