e há aquela hora em que
qualquer papel
não mais se lhe ajusta
para a justa medida
não se encontra régua
para as dores de um parto
em que não me acho
nunca se renderá trégua
não mais me reconheço
nisto que por enquanto é o fim
ou em esquecido começo
?o que é meu, ?a quem me entrego
?a que me devo, ?ao que renego
intrincadas questões
respostas fugidias
responderei por mim, então
e com um isqueiro, um maçarico
duas pedras ou um fósforo
lanço chamas
voam aos ares
as letras míudas
de um contrato esmaecido
palavras de ordem flutuam
fumegantes balões desorientados
frases defeitas
desfeitas em cinzas
e resta o nada
e agora posso
conjugar novos verbos
reverberar outros sentidos
com palavras órfãs
recriar o alfa e o resto
e há aquela hora
em que o único papel
em que se lhe ajusta
é o feito das fibras
retiradas da própria pele
com pautas arrancadas dos músculos
e há aquela hora, enfim
em que se nega
a conhecer Eva
a mordiscar a polpa da fruta fácil
e me despeço
livre de meus pecados
do script original
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