O Super-moleque
voou,
passou
no Rio, em Recife e depois Salvador
O
Super-moleque chorou,
pelas
crianças miseráveis sob o Redentor
Olhando
se espantou,
vendo
meninos tão novos, senhores do terror
Sorrindo,
ouviu, vibrou
com
o batuque alegre dos meninos do Pelô
O
Super-moleque pousou,
disposto
a entender aquela confusão
Nas
ruas ele caminhou,
por
entre trancas, alarmes, grades, portões
O
Super-moleque encarou:
olhos
fechados, trancados, selados de pavor
O
Super-moleque sentiu,
sentiu
a dor de ser do medo ele o causador
O Super-moleque entendeu,
passou o dia levemente a se divertir
E
simples moleque dançou,
dançou o samba, a capoeira e o maracatu
O
Super-moleque cantou,
cantou
de um modo que ninguém sabe ensinar
Sozinho
cantou e dançou,
até
a hora em que o sol foi descansar
O
Super-moleque dormiu,
com
seus irmãos sobre o chão e sob o papelão
Devagar
acordou,
olhou
em volta com seus olhos de causar horror
O
Super-moleque quebrou:
grades,
ferros, trancas, derrubou portões
O
Super-moleque roubou,
todas
as armas e o temor de todos corações
O
Super-moleque partiu,
subiu
ao céu calado, sério, sem olhar pra trás
O
Super-moleque sumiu,
tomou
um rumo que ninguém sabe dizer
O
Super-moleque deixou,
em
todo canto um sentimento grande de paixão
O Super-moleque vai voltar
Quando
do bem que ele deixou
ninguém mais se lembrar